Cerca de onze filhos de políticos maranhenses estarão na disputa deste ano
Política A tradição vem dos berços coloniais, quando desde o Brasil Colônia
Em 14/07/2014 , às 09h38 hao.com.br/noticias/cerca-de-onze-filhos-de-politicos-maranhenses-estarao-na-disputa-deste-ano-1007890.html
“Filho de peixe, peixinho é”. Essa é uma frase famosa, que descreve basicamente a tendência de filhos herdarem talentos profissionais dos pais. Na sociedade atual é muito comum ver os filhos de profissionais liberais como médicos, advogados, jornalistas, engenheiros, exercerem a mesma profissão dos pais, por vários motivos, que variam desde admiração pela figura do ente querido até mesmo a manutenção dos negócios da família. Na política a cena tem se repetido. A tradição vem dos berços coloniais, quando desde o Brasil Colônia, as terras do país eram repartidas em capitanias hereditárias, cujo poderio era repassado de pai para filho, como sugerido pelo próprio nome. Posteriormente, com o advento do Brasil Império, a hereditariedade do poder também perdurou por anos e, somente com a proclamação da República, a obrigação de herdar o legado político dos pais se desfazia, ou pelo menos parecia se desfazer.
A nível nacional a sociedade tem exemplo claros, como o do neto do ex-presidente Tancredo Neves, que eleito governador e senador, hoje disputa a presidência da República. Figuras emblemáticas também como José Dirceu (PT), que fez o filho deputado federal, o Zeca Dirceu (PT) e Antônio Carlos Magalhães, que deixou o legado para o seu neto, prefeito de Salvador, Antônio Magalhães Neto.
Brasil afora a cena se repete e as famílias que possuem maior representatividade deixam seus legados políticos quase automaticamente para os filhos. No Maranhão, a situação não é diferente.
Como exemplo, na disputa majoritária, os candidatos mais bem projetados nas pesquisas são filhos de políticos. Lobão Filho (PMDB) é senador, filho do Ministro de Minas e Energia e ex-governador do estado, Edison Lobão (PMDB). Flávio Dino (PCdoB), por sua vez, também herdou vocação política do pai, o ex-vereador e ex-deputado Sálvio Dino, que se destacou principalmente por ter tido forte atuação durante o período da ditadura.
Além desses casos, tempos o caso emblemático do senador José Sarney (PMDB), que, com mais de sessenta anos dedicados à vida pública, conseguiu transferir o seu legado político para os filhos e neto. A filha, Roseana Sarney (PMDB), é a atual governadora do estado, mas já ocupou também outros cargos, como o de senadora e deputada. O outro herdeiro, Sarney Filho (PV), que possui uma longa trajetória enquanto deputado federal e agora transfere a responsabilidade para o filho, Adriano Sarney (PV), que por sua vez, também leva consigo o peso do sobrenome da família de políticos profissionais.
Outro exemplo é o prefeito da capital maranhense, Edvaldo Holanda Júnior (PTC), cujo pai, o ex-deputado Edivaldo Holanda, é um dos tradicionais políticos maranhenses. Edvaldo Holanda Júnior ingressou na carreira política como o vereador mais votado em sua legislatura, repetindo boa votação também enquanto deputado federal.
Um dos novos políticos que exemplifica bem essa relação de transferência de legado é João Marcelo (PMDB), filho do prestigiado senador João Alberto (PMDB). João Alberto é senador da república, mas já passou por diversos cargos de projeção no estado, inclusive governador.
João Marcelo, que hoje é candidato a deputado federal, vê com naturalidade essa herança política. “Assim como um filho advogado herda um escritório de advocacia, um filho médico que também herda o consultório de um pai que é médico, às vezes um filho também herda na questão da veia política”, disse.
O candidato a deputado federal garante que fará tudo para honrar o legado do pai e diz que o que mais pesa é a autocobrança. “Não me sinto na obrigação de concorrer a cargos políticos, este é um desejo e não uma obrigação, mas adianto que não é uma tarefa fácil. O que pesa mais é a autocobrança da gente tentar parecer com ele, que é uma pessoa extraordinária. Eu pretendo honrar esse legado”, afirmou.