quinta-feira, novembro 21, 2024
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SOBRADO DE PARAIBANO PASSA POR REFORMA E PERDE CARACTERÍSTICA.

Sobrado  Foto:leo LasnO desinteresse (demonstrado tanto pelo poder público como pelo privado) está descaracterizando o maior patrimônio histórico de Paraibano, o Sobrado. Por muito tempo o primeiro grande prédio da região vem sofrendo as intempéries da natureza, bem como dos humanos do município. A falta de respeito à cultura local em relação aos prédios ou casas antigas da cidade é tamanho que os monumentos da arquitetura local caem aos poucos e ficam abandonados. Só para citar alguns, as antigas usinas de beneficiamento de algodão, arroz e óleo de babaçu, a Escola Edson Lobão, a Lavandaria a CAEMA e tantos outros estão desmoronando ou não existem mais.
O maior símbolo arquitetônico de Paraibano, construído no período fausto dos primeiros tempos, por volta de 1932 e concluído em 1936 para abrigar a família de João Paraibano (fundador da cidade) não tem mais a mesma imponência: “Naqueles rincões do Maranhão, morar em sobrado era luxo só permitido a poucos. Naquela época (década de 30) não tinha nenhuma residência tão fidalga na sede do município de Pastos Bons” afirma o advogado e professor de UFPI, Fonseca Neto em artigo publicado no Jornal Diário do Povo de Teresina-Piauí.

O Sobrado de Paraibano que já serviu além de residência para autoridades, biblioteca e museu, começou a cair em outubro de 2008 (na época esse jornalista denunciou o descaso na imprensa maranhense e a matéria foi republicada em diversos sites do país) de lá para cá nenhuma ação concreta foi realizada, apesar dos esforços de paraibanenses que denunciaram a falta de preservação do prédio.
O Sobrado teve diversos herdeiros e há alguns anos é propriedade do professor Nicéias Mendes, descendente dos fundadores do município.
Há quase dez anos ameaçando cair, o Sobrado passa por reforma, iniciada em dezembro de 2015, pelo dono do prédio, mas infelizmente vai perder parte de suas características do estilo rococó: “Não encontrei nenhum pedreiro que conseguisse fazer os desenhos, os traços da arquitetura iguais ao original” disse Nicéias Mendes responsável pela reforma “Como não tenho dinheiro para contratar um especialista, nem tive ajuda das autoridades, o jeito foi fazer a reforma para não ver o sobrado cair” desabafou o proprietário do imóvel. Perguntado se havia procurado as autoridades, Nicéias Mendes afirmou: “Na administração do prefeito Sebastião Pitó (2009 a 2013) fiz uma proposta para que a prefeitura assumisse o sobrado como doação do patrimônio público, mas não houve acerto” na administração atual de Aparecida Furtado continuei com a ideia de doação, mas a prefeitura não mostrou interesse, então aos poucos vou tentando reformar, é uma pena que não fique igual, mas pelo menos a parte da frente não vou descaracterizar, vai ficar como a original” disse Nicéias Mendes.

Prof. Nicéias em frente ao Sobrado

O Sobrado estava com a parte superior destruída e a parte de baixo com rachaduras profundas e provavelmente cairia com as chuvas de janeiro. A providência do dono do prédio foi positiva ou se perderia todo o prédio. Internamente o sobrado continua com estragos e o piso de madeira mesmo antigo ainda resiste. Os porões escuros servem de moradias de insetos, com a reforma, o ambiente poderá ter alguma utilidade.
Aliás o sobrado poderia ser uma espécie de centro cultural caso o poder público, assim quisesse, mas pelo andar da carruagem dos prédios da cidade, está mais para cemitério do que para cultura.
O Sobrado já foi vítima desse sentimento anticultura na administração do prefeito José Rodrigues dos Santos (Dr. Zequinha) de 1997 a 2001. Dois anos antes (1995) na administração da prefeita Maria Aparecida Queiroz, quando Dr. Zequinha era o seu vice, foi fundado o Museu de Paraibano, sob a coordenação da bibliotecária Deonice Furtado, que com uma equipe conseguiu um acervo da história e cultura do município. Na da inauguração do museu a convite da então secretária de educação Maria D’Aguia Neves, foi realizada a primeira exposição de artes plásticas do município, onde o jornalista e pintor Léo Lasan trouxe de Teresina-PI, mais de vinte quadros e material jornalístico ao qual doou ao Museu. Todo o acervo do museu não teve nenhum valor cultural nem sentimental para o prefeito Dr. Zequinha, que ao assumir a prefeitura acabou com o museu e jogou o acervo fora.

foto:Leo LasanTalvez seja esses um dos receios pelo qual o proprietário do sobrado, não doou o prédio para o Poder Público, sem um contrato de exploração para a cultura: “Tenho medo que o Sobrado no caso de uma doação ao Poder Municipal, não fosse utilizado para fins culturais” revelou Nicéias ao site.
Mesmo descaracterizado o Sobrado continuará em pé para contar a história da cultura e da vida política daqueles que não se interessam pela maior riqueza de um povo: a sua cultura. Vão-se os políticos, resiste o Sobrado para o bem da nossa história.
Para ver mais informações sobre o sobrado acesse o site abaixo.
http://paraibano-ma.blogspot.com.br/2008/04/uma-parte-da-historia-de-paraibano-pede.socorro