A HISTÓRIA DA ABÓBORA EM PARAIBANO
A abóbora plantada em Paraibano desde os anos 70 e atualmente na região alcançou no ano passado uma economia de 26 milhões de reais, segundo estudo do SEBRAE e apresentado durante Fórum do Polígono da Abóbora no Parque de Vaquejada em setembro passado.
Mas para alcançar essa cifra, muitas lutas, suor, alegrias e sofrimentos foram carregados em jacás e lombos de animais. Iniciado nos anos 70, mas precisamente no povoado Cabeça da Vaca de onde foram transportadas as primeiras abóboras para serem vendidas na feira: “Meu pai Alexandre Francisco Santana trazia no lombo de jumento, para vender a abóbora que era partida em talhadas pra venda na feira de sábado… era uma viagem longa, fizesse sol ou chuva, eu ainda era criança e ajudava meu pai” revelou Walmir Santana (57 anos) ao site.
A princípio a abóbora era plantada na roça de arroz para consumo próprio da família dos lavradores. O tino para o negócio da abóbora veio com o paraibano José Marão, o primeiro a vender em escala comercial, conforme disse seu filho Zim Marão: “ Ele trazia da roça plantada no povoado Cabeça da Vaca, era trazida em cima de animais, aqui em Paraibano colocava as abóboras em sacos e em cima de um carro pau-de-arara, levava até Floriano e de lá o produto era transportado para Recife, com a venda, o dinheiro ganho foi aumentando e também o tamanho da roça, aí os amigos viram o lucro e passaram a plantar também” afirmou Zim que hoje é um dos maiores produtores de abóbora da região, juntamente com parentes. Raimundo Marão, Zezé Marão, Mundico Marão, enfim a família Marão ajudou a desenvolver o setor da abóbora no município. José dos Reis, Luizão, Tonhão e muitos outros heróis que lutaram para elevar o produto que hoje representa Paraibano.
Para o paraibanense Orleans essa visão do futuro da produção e venda da abóbora foi logo abraçada pelos comerciantes ainda no início dos anos 80 a exemplo de Chico Castor, Chico Jovelina e Senhor Ormar: “Veio o comprador o senhor Alagoano com a família residir em Paraibano e foi um dos primeiros grandes compradores residindo no município, isso deu uma alavancada e influenciou outros compradores como os pernambucanos, Josias, Antônio Garanhuns, Marcos e Cícero Perua e aí deslanchou para a fama da abóbora de Paraibano em todo o Brasil” disse Orleans.
Josias Paz Barreto pernambucano que está no mercado há mais de 20 anos afirmou que a abóbora plantada em Paraibano é a melhor do Brasil. Que o estado do Pernambuco investiu mais de 16 milhões na economia da região na compra do produto, somete no ano passado. Mas Josias critica o pouco investimento do Governo do Maranhão e a alta da taxa de imposto sobre o produto, o que inviabiliza maior investimento dos pequenos lavradores no plantio da abóbora: “O Governo do Estado e a Secretaria de Agricultura do Maranhão deve olhar com mais atenção para o pequeno agricultor, investindo na melhoria da produção, diminuindo os impostos, apoiando-os muito mais. Um dos problemas é o transporte da roça até o ponto comercial ou o carro trucado, como o produto é perecível é necessário esse apoio de logística” disse Josias durante entrevista realizada em setembro de 2016 no Fórum do Polígono da Abóbora em Paraibano “Paraibano continua sendo o melhor local do Brasil para se comprar abóbora e esse produto daqui é aceito em todos os Estados. Então é preciso mais investimentos, diminuição dos impostos, acredito que de todos os estados do Nordeste, o Piauí e Maranhão, são os únicos que cobram esses impostos, com isso quem sofre a consequência é o pequeno agricultor, é preciso rever essa política, nós consumidores estamos há anos contribuindo com nossa parte na economia do município e do Estado, precisamos desse apoio para maior desenvolvimento e melhora de vida do povo do Maranhão” pontuou Josias, atualmente um dos maiores compradores de abóbora na região.
Mas nem todos que plantam abóbora na esperança de lucros se dar bem nos negócios. Ainda falta uma capacitação para orientar os pequenos lavradores, com experiências na questão do clima, de manejo, etc. Outra opção é o cooperativismo, para evitar os atravessadores que se aproveitam do tempo de início, meio e fim de safra para monopolizar os preços. Como o produto é perecível, muitos não alcançam o preço desejado em tempo hábil, o que pode estragar a fruta e com isso todo um anos de trabalho. Já foram feitas tentativas para a formação de uma cooperativa mas não houve consenso. Para Zim Marão outro problema são os bancos que não tem uma linha de créditos para a abóbora, tem para outros tipos de legumes e frutas, mas no caso das corcubitácias (família da abóbora) não existem apoio por parte dos grandes bancos. E nessa luta, mesmo sem tecnologia adequada e dependendo do clima e de Deus, a produção de abóbora segue, destacando o município como Capital da Abóbora.
Nesta semana de 6 a 8 de abril, o município de Paraibano sedia a AGRITEC a maior feira de agritecnologia do Maranhão, e um dos carros chefes e símbolo da feira é a abóbora, o produto que mais traz economia para a região.