REMINISCÊNCIA 1.BAIXÃO DA CANUTA.
O Paraibanonews estará a partir do próximo ano 2021 resgatando a história do município, por meio de entrevista com diversas personalidades que ajudaram no desenvolvimento da cidade. Entre os temas uma contribuição para o esporte, cultura, política, etc.
Baixão da Canuta.
Nesses anos em que o Paraibanonews esteve sempre presente no dia-a-dia do município, foram feitas diversas entrevistas com essas pessoas, a exemplo de Dona Docarmo Coelho, que deu uma das melhores entrevistas a esse jornalista Leo Lasan, Sr. Aroldo Coelho, Manetinha, Zé Carneiro (in memoriam) e outras personalidades.Hoje a contribuição foi concedida pelo Sr. Antonio Brito Lira, 83 anos, descendente de uma das mais tradicionais famílias de Paraibano. Filho do Sr. Marcos Brito Lira e Dona Canuta Pereira Brito, Sêu Antonio lembrou da época de 70 a 80, quando o município ainda dependia quase que exclusivamente da subsistência da agricultura, tempo em que era comum os grandes sítios (quintas) com plantações de frutas sem agrotóxicos que alimentava as famílias paraibanenses.
O mais famoso sítio da época era o da Dona Canuta, talvez o maior da cidade, com laranjal imenso, que chegou a exportar laranjas para Floriano-PI, jaqueiras, pés de café, de mangas em sua variedade rosa, comum, de mesa, foice, bananas, abacate, etc. Também na imensidão do sítio havia uma olaria para fabricação de alvenarias, que ocupava os donos a trabalhar até a meia noite iluminados por lanternas petromax. Quem viveu os idos de 75 a 80 nas redondezas do Baixão da Canuta (localizado na parte baixa da cidade) onde tinha outros sítios junto, tem lembranças das aventuras. A jaca era a fruta mais cobiçada pelos jovens, seja para tirar “visgo” para pegar golinhas, seja para se deliciar-se com essa fruta originária da Índia. As aventuras nesse local tem histórias hilárias. Segundo o Sr. Antonio Brito, eram tantas pessoas “pegando jaca e manga” que dava medo “O Joãozinho era o mais temeroso, já o Chico Brito (irmãos) quando chegava na porteira do sítio que ficava distante dos pés de frutas, gritava alto que ecoava no baixão: “Pega o ladrão… com isso quem tivesse pegando as frutas fugia e aí a gente entrava mais tranquilo” diz Sêu Antônio na entrevista.
Mas o próprio Chico Brito pegava feijão e manga e dava para o povo que pedia. Sobre a lenda das visagens que a noite descia da serra e se passasse por cima das pessoas as mesmas morriam, o Sr. Antônio disse que a luz que amedrontava os caçadores, era a lanterna dos “ladrões” que iam roubar frutas no escuro. Este escriba que vos traz essas memórias, tinha o pai dono de um sítio ao lado do Dona Canuta e o bananal era bem visitado pelos “amigos”. As vezes a audácia era tão grande que quando o dono chegava, o sujeito continuava a cortar o cacho de banana como se fosse propriedade do mesmo. Mas dependendo da precisão era combinado para não voltar mais ou ia parar na delegacia que ficava no caminho do baixão.
Atualmente o local que tinha uma floresta de frutas, virou pastagem para gado. Fui no início desta semana rever as lembranças da infância e me deparei com o novo cenário. Para meu deleite, ainda resta o frondoso pé de manga do Zé Vieira, que serve de entroncamento para várias quintas, olarias e açude de baixo. Também algumas mangueiras e só. Encontrei também um tronco de umas dessas mangueiras que pela imagem parece lobos ou dinossauros a gritar socorro para os céus.
Em memória: Uma semana após a publicação desta matéria o Sr. Chico Brito veio a falecer. Fica aqui nossas condolências.