PASTOS BONS: A CAPELA DA ALEGRIA
A região de Pastos Bons no Maranhão cedeu território para o surgimento de diversos outros munícipios.
A cidade de Pastos Bons foi fundada em 1764 (256 anos) e estabelecida como município a partir de 1933, sendo “a mais antiga das cidades do sul maranhense” (COELHO, 2008, P. 113).
Com uma área de 1.620 km², Pastos Bons tem características geográficas deslumbrantes, como serras, montanhas e ainda muito verde e muita história.
Uma região do município que chama a atenção fica entre a divisa das cidades de Paraibano e Sucupira do Norte. São muitos engenhos, casarões, nascentes d’água, entre outras belezas.
Uma construção que chama a atenção é uma igrejinha no alto do povoado que tem por nome Alegria. A capela de São Raimundo.
Para saber da história da capela conversamos com o senhor Pedro Mendes Pereira, 83 anos, sobrinho de Silvestre Térto, fundador da capela.
A capela teve o nome de São Raimundo em homenagem ao santo. O Sr. Silí (Silvestre Térto) como era conhecido, fundou a capela há mais de 70 anos, e ali nos anos 60 a 70 foram realizados os maiores festejos da região, atraindo pessoas de diversos lugares do Maranhão, Piauí, etc. A partir de 70, com o falecimento do casal a capela serviu de local para sepultura dos fundadores, Sêu Silí Térto e sua esposa Raimunda Martins de Sousa.
Com saudosismo, Pedro Térto relembra da época de festas no local “Ali se fazia o maior festejo, eram oito dias de alegrias, sendo o último no dia de festejo em 31 de agosto. As festas abalavam a região, vinha gente de Floriano no Piauí, de Balsas e região, vinha gente demais…tinha carrossel, muitos carros carregando as pessoas, era muita alegria e orações também… presenças marcantes como de Dona Nóca Santos (patoense e primeira prefeita do Brasi)l amiga do Sr. Silvestre… O Padre Constantino Vieira foi o primeiro padre a celebrar as missas. O festejo de São Raimundo durou até o ano de 1970, após as mortes dos donos, a capela foi utilizada como um espécie de local para os túmulos dos mesmos. A capela de São Raimundo no povoado Alegria é a mais antigas da região, tem mais de 70 anos. Como o senhor Silí Térto e dona Raimunda não tiveram filhos, doaram a propriedade para o irmão Miguel Térto (pai de Pedro). Após a morte de seu Miguel a casa e a capela passou a ser do senhor Otacílio Térto” revelou Pedro ao Paraibanonews.
Localizada em uma região cercada de engenhos, na época áurea da cana de açúcar muitos fazendeiros vendiam os produtos, como rapadura, cachaça, tijolos, etc. para cidades de Colinas, Passagem Franca, Buriti Bravo, São Domingo do Zé Feio… A escoação da produção era feita em lombos de animais por léguas e léguas de distâncias.
RIQUEZA DA CANA-DE AÇUCAR.
Com mais de dez engenhos na década de 60, atualmente poucos resistiram e continuam a produzir. Um dos maiores é o do Senhor Zé do Nêna, no povoado Campestre ao lado da serra da Alegria “Naquela época as coisas eram muito difíceis, engenhos puxados a bois, transportes em animais, muita gente trabalhando, grandes despesas também… somente com os motores a óleo diesel foi mudando, e na época do governador do Maranhão, o Cafeteira, chegou a energia na região e os engenhos foram se modernizando. Porém com o passar do tempo e devido as despesas muito grande com as montagens e manutenção dos mesmos, donos de engenhos foram desistindo e os poucos que ficaram continuam lutando até hoje. A cachaça é o produto que vende e faz com que os donos desses engenhos continuem na luta. Mas não é fácil” revelou Pedro Térto.
CASARÕES
Em termos de arquitetura, chama a atenção um Casarão de tijolos e barro, mesmo desabitado e com algumas partes em deterioração, mostra a opulência dos tempos dos senhores de engenho. Pertenceu ao Sr. Antônio Martins e atualmente pertence a filha e o neto, que herdaram o local e futuramente devem fazer uma reforma na calçada do casarão. No mesmo espaço há um depósito com imensos alambiques feitos de madeira, que serviam para depósitos de cachaça. Uma relíquia que mostra o cotidiano dos primeiros habitantes da nossa região.
Na próxima reportagem histórias dos casarões e das nascentes na região do Angical. Agradecemos o empenho da professora Maria Enes em colaborar para que a informações da Capela de São Raimundo viesse a público e ficasse registrado na história da região.
Reportagem Leo Lasan com colaboração de Rosivelton Santana.