PARAIBANENSE FILHA DE LAVADEIRA DE ROUPAS É HOMENAGEADA COMO MULHER DESTAQUE 2022 EM NOVA ODESSA-SÃO PAULO.
A conselheira tutelar Maria dos Santos Santana foi indicada pelo vereador Antonio Alves Teixeira, o Professor Antonio, e homenageada entre oito mulheres com o certificado do Prêmio Mulheres Destaques do Ano 2022, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à comunidade do município de Nova Odessa em São Paulo.
A solenidade foi realizada pela Câmara de Nova Odessa, na noite de quinta-feira (10/03). Foram homenageadas oito mulheres, com atuação nas mais diversas áreas sociais, cada mulher foi indicada por um vereador, em sessão solene realizada no Teatro Municipal Divair Moreira.
A entrega dos certificados do Prêmio Mulheres Destaques do Ano acontece em atendimento ao que prevê o Decreto Legislativo 188, de 15 de maio de 2012.Entre essas mulheres de destaque uma é de Paraibano, Maria dos Santos Santana, filha de Senhorinha (Siurinha) Gomes de Santana e Francisco Nonato de Santana, “Meu pai abandonou nossa família antes mesmo que eu pudesse conhecê-lo” diz Maria na biografia que foi lida e emocionou a todos na solenidade da premiação de quinta-feira 10-03-2022 em Nova Odessa-SP.
De família pobre Maria teve que ajudar a mãe que era lavadeira de roupas, desde criança teve que aprender a dureza da vida e a responsabilidade de ajudar a criar o irmão “Responsabilidade foi algo que chegou na minha vida de forma precoce” revelou.
Em 1990 casou-se com Nildo e em 1994 tiveram um filho “Quando Thayson nasceu eu renasci junto com ele, ali nascia uma mãe e também a descoberta de um propósito. Fiquei grávida aos 19 anos, até então uma gravidez normal e saudável, porém após o nascimento, descobrimos que Thayson nasceu com uma paralisia cerebral”.
E aí começa uma nova batalha em uma região em que ter filhos especiais é praticamente uma sentença de calvário, devido à falta de assistência em saúde especializada. Mas “Maria” é nome de mãe vencedora e o nascimento de Thayson foi o motivo de mudanças em busca do melhor para o filho. O casal vendeu tudo em Paraibano e foi tentar a vida em São Paulo “Tive que sonhar com um futuro melhor para não desabar, foram muitos anos de sofrimento com tudo indo contra nós. Ouvia de médicos que deveria desistir, que estávamos perdendo tempo. Nessa época eu também não tinha conhecimento de leis e direitos aos quais meu filho tinha, devido a sua doença, mas isso não me impediu, pelo contrário, a vontade que eu tinha de ver meu filho bem, era maior que tudo, eu nunca aceitei um não e não ia desistir da pessoa mais importante da minha vida”.
Foram anos difíceis: “Consegui um emprego de doméstica, não tinha descanso, mas a felicidade de ver a melhora do meu filho fazia tudo valer a pena”.
De doméstica, até chegar a formar o filho em “Eletromecânica no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) em São Paulo, e depois voltar a estudar, Maria, tem uma história de superação. Formada em Assistência Social, Maria é também Conselheira Tutelar em Nova Odessa, onde segue cumprindo seu destino e missão a de continuar lutando pelos esquecidos assim como já foi um dia e também ajudando os necessitados assim como já a ajudaram.
O Prêmio na semana do Dia Internacional das Mulheres, não poderia ser mais justo para Maria dos Santos Santana, por toda a trajetória a qual essa nordestina de fibra passou em nome do amor ao filho.
Para saber mais da história dessa guerreira, leia a biografia da mesma que postamos aqui.
Biografia Maria dos Santos Santana
Vim ao mundo no dia 01 de novembro de 1974 na cidade de Colinas no Estado do Maranhão. Meus pais, Senhorinha Gomes de Santana e Francisco Nonato de Santana me deram o nome de Maria, um nome de muitos significados, mas acima de tudo, um nome que remete às mulheres de força e luz! Tive a compreensão disso já na minha infância.
Meu pai abandonou nossa família antes mesmo que eu pudesse conhecê-lo e minha mãe criou a mim e meu irmão Genivaldo sozinha, nos sustentando com os seus serviços de lavadeira. Devido às nossas condições, não tive escolha a não ser ajudá-la. Responsabilidade foi algo que chegou na minha vida de forma precoce.
Aos 8 anos eu já ajudava minha mãe no trabalho, além dos afazeres domésticos, como lavar, passar e cozinhar. Porém sempre com prioridade nos estudos, minha mãe era analfabeta mas fez de tudo para que não fôssemos, nunca deixamos de estudar. Iniciei no Jardim Infantil os Amiguinhos, após isso fui para o Centro de Ensino Epitácio Pessoa cursei 1° a 4° série e por fim cursei 5° a 8°no Bandeirante, todas escolas são da minha cidade, Paraibano-Maranhão.
Em nossa casa também nunca faltou amor e respeito, sempre apoiamos uns aos outros e minha mãe sempre deu o seu melhor em nossa criação, onde teve que fazer o papel de Pai e Mãe. Nossa família como um todo tornava tudo mais fácil de alguma forma, desde a minha Avó Maria, que sempre foi inspiração por sua história de luta, criando seus 9 filhos em uma época muito mais difícil, até meu tio Joaquim, irmão da minha mãe, que considero como um verdadeiro pai. Além de tios, primos e amigos que sempre estiveram ao meu lado. Posso considerar que apesar de todas as dificuldades, tive uma infância feliz, pois não me faltou o principal: o cuidado e o amor! Já um pouco mais adulta, se iniciou outra fase que mudaria para sempre o percurso da minha vida. Em 1987 conheci aquele que seria o meu futuro marido e pai do meu filho, o Nildo.
Em 1990 nos casamos e em 1994 tivemos um filho. Quando Thayson nasceu eu renasci junto com ele, ali nascia uma mãe e também a descoberta de um propósito. Fiquei grávida aos 19 anos, até então uma gravidez normal e saudável, porém após o nascimento, descobrimos que Thayson nasceu com uma paralisia cerebral. Desde então me dediquei somente a ele, abandonei os estudos e doei todo meu tempo e minhas forças para tornar a vida dele melhor. Meu marido vendeu tudo o que tínhamos e também durante esse período não tivemos ajuda de praticamente ninguém, além de minha mãe. O que me segurava era minha fé, era conversar com Deus.
Em uma de nossas conversas disse a ele que se um dia meu filho tivesse condições de andar e fazer coisas simples como ir ao banheiro sozinho, eu voltaria a estudar, de alguma forma eu estava oferecendo minha vida em nome da vida dele. Tive que sonhar com um futuro melhor para não desabar, foram muitos anos de sofrimento com tudo indo contra nós. Ouvia de médicos que deveria desistir, que estávamos perdendo tempo. Nessa época eu também não tinha conhecimento de leis e direitos aos quais meu filho tinha, devido a sua doença, mas isso não me impediu, pelo contrário, a vontade que eu tinha de ver meu filho bem, era maior que tudo, eu nunca aceitei um não e não ia desistir da pessoa mais importante da minha vida.
Certo dia o Nildo disse que precisávamos sair do Maranhão e vir pra São Paulo. Viemos em 1996, era para ser algo temporário, porém ele rapidamente conseguiu um emprego. Durante nossa vinda também percebemos que apesar das dificuldades esse era um lugar onde poderíamos oferecer um futuro melhor para o nosso filho Thayson. Decidimos nos mudar de vez. Este foi outro momento que considero difícil, ter que ficar longe da minha Mãe, mas tive que fazer uma escolha. Confiei nos planos de Deus e assim reiniciei o tratamento do Thayson, dessa vez pela Metodista, centro de reabilitação para pessoas com necessidade especiais e pelo SUS. Tudo mudou para melhor, ele tinha acesso a fisioterapia, natação e tudo que era necessário para sua evolução. Tendo toda essa assistência logo pude voltar a trabalhar.
Consegui um emprego de doméstica, não tinha descanso, mas a felicidade de ver a melhora do meu filho fazia tudo valer a pena.
O tempo passou e a recompensa de toda a luta veio, por milagre, por esforço ou um resultado dos dois, meu filho anda, fala, completou seus estudos e hoje já é um homem com uma vida normal, casado, com sua própria família e seu trabalho. Ele é o resultado das minhas preces e sem dúvida minha maior conquista. Em meio a esses acontecimentos também tivemos outra mudança extremamente significativa.
No ano de 2007 visitamos a cidade Nova Odessa pela a primeira vez. Foi diferente de quando viemos pra São Paulo, mas tivemos novamente aquela sensação de que poderíamos ter uma vida ainda melhor e deixar aquelas lembranças de tempos difíceis um pouco para trás. Ver aquela cidade tranquila, de ruas largas, tudo tão perto e acessível, me lembrou até um pouco a cidade pequena onde cresci.
Queria que meu filho pudesse viver um pouco disso também. Que pudéssemos depois de todo o “tormento” usufruir de uma rotina mais calma. No mudamos em 2008. Moramos no bairro Santa Rosa desde então. Fomos acolhidos da melhor forma possível, fizemos amizades especiais, ficamos mais perto de parte da nossa família, e foi onde também meu filho terminou seus estudos e construiu sua vida e eu e meu marido tivemos muitas oportunidades. Aqui também senti que era tempo de retomar meus sonhos.
Foi quando em 2012 resolvi prestar vestibular. E me deparei com umas dessas coincidências da vida. A redação tinha como tema a superação de pessoas com necessidades especiais. Não fiz nada além de contar minha história e com isso garantir um desconto na faculdade e pude cursar serviço social na Anhanguera.
Hoje sigo cumprindo minha missão como Conselheira Tutelar de Nova Odessa, lutando pelos esquecidos assim como já fui um dia e também ajudando os necessitados assim como já me ajudaram. Tenho muito orgulho de quem me tornei e do que ainda vou conquistar. A menina que saiu do interior do Maranhão se tornou uma mulher de força, vitoriosa. Seja por política ou de coração, nunca irei desistir dos meus objetivos e sempre irei honrar o que minha mãe me ensinou sobre garra e amor.
Maria dos Santos Santana